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Palestra com Aldo Rebelo e Samanta Pineda

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Reunião de mulheres que fortalecem o Agro

Conteúdo, troca de informações, reflexões e diretrizes. Assim transcorreu mais uma reunião do Núcleo Feminino do Agronegócio – NFA – realizada online, no dia 7 de março. As Lives do NFA sempre trazem palestrantes convidados, o que contribui grandemente para que possam ser discutidos assuntos atuais, técnicas e processos ligados ao presente e futuro do Agronegócio.

Nesta véspera do Dia Internacional da Mulher, o Núcleo convidou o jornalista e escritor, Aldo Rebelo, profundo conhecer da história do Brasil, e a advogada especialista em Direito Socioambiental, Samanta Pineda, que agora é também filiada ao NFA.

Aldo Rebelo iniciou falando sobre Marco Temporal e suas consequências, tocou em pontos interessantes sobre regulamentações, papel das ONGs no Brasil e potencial de agricultura na Amazônia. Importante a informação passada pelo ex-ministro Rebelo sobre a realização de um inventário que está sendo feito da Amazônia, fator extremante relevante para a obtenção de dados e para o retrato autêntico do nosso potencial produtivo, desenvolvimento e utilização de energia de forma sustentável.

Questões sobre a Amazônia

A visão de Aldo Rebelo sobre a Amazônia não poderia ser mais clara. Como bem colocou, “Há sempre quem quer nosso bem e quem quer nossos bens”. Essa frase pode resumir muita coisa, e o assunto evoluiu em cima dessa ideia, alertando que o destino do Brasil está diretamente ligado ao destino da Amazônia.

Aldo Rebelo, profundo conhecedor dessa região e das nossas riquezas, conta que um geólogo  comentou com ele que na Amazônia temos a tabela periódica dos elementos químicos inteira. isso quer dizer que qualquer transição energética que o Brasil queira fazer será muito simples,  porque temos minérios, para produzir baterias para carros elétricos e para produção de equipamentos de energia eólica, dentre outros. Além disso, de toda a tabela periódica e de todo esse minério, o Brasil tem por lá a maior reserva de água doce do planeta, 20% passa pelo rio Amazonas – o rio Amazonas dá vazão a 20% da água doce do mundo. E mais! Nós temos o maior aquífero em Alter do Chão, no Pará, sem falar nos 30% de biodiversidade encontrada na região. “Tudo isso mostra a tamanha dimensão da nossa riqueza, e o que não podemos permitir é que se discuta meio ambiente sem discutir desenvolvimento”. Justamente por isso, Aldo Rebelo está fazendo um trabalho importantíssimo na agricultura, pecuária, produção de cacau, piscicultura e na energia que é produzida na Amazônia. “E apesar do tamanho da nossa reserva aquífera, 340 mil quilômetros quadrados de extensão de água doce, temos produção de peixes menor do que o Vietnã. A China produz mais pacu, mais piraputanga, que são peixes originários da Amazônia, do que o Brasil”.

Continuando sua explanação, Rebelo afirma que tudo isso precisa ser falado, mostrado. “Existe uma população de quase 30 milhões de habitantes morando na Amazônia e precisamos gerar riqueza, gerar desenvolvimento em prol do nosso país, sem, no entanto, nunca nos esquecermos de pensar e agir de uma forma sustentável e protegendo o meio ambiente”. Temos muitas áreas protegidas, a exemplo do Amapá, onde 80% são de reservas indígenas. Esses 20% que sobram são propriedades particulares onde o proprietário só pode produzir em 20%. Só aí sobram 5% do estado para ser produzido. “Assim, quando começamos a ver números, dados e a realidade do Brasil, nos chama atenção o nosso potencial, a nossa riqueza e o quanto precisamos ficar alertas em relação a que está aqui pelo nosso bem e que está aqui pelos nossos bens”.

O agronegócio do Brasil em relação ao mundo

Muitos temas foram abordados e discutidos, passando pelas diversas ‘faces’ das dependências comerciais, as diferentes formas de se enxergar essa questão diante dos quesitos produção, demanda, importação e exportação.

O assunto então se voltou para um grave elemento que todos têm de saber como lidar hoje, a retórica e o argumento. O quanto é possível conhecer o que de fato está ocorrendo em diversos setores do agronegócio no Brasil em relação ao mundo? Até que ponto é, no mínimo, satisfatória a informação que, até chegar aos noticiários, passa por tantos pontos de vista desinteressados da realidade de quem produz? Muitas distorções, sejam de palavras ou ideias, acabam se distanciando do que realmente está acontecendo com o Agro brasileiro, de todo o trabalho consciencioso de produtores, empresas e indústrias. Qual a imagem que tem sido passada do Brasil para o mundo? O dia a dia do produtor e os resultados gerados na economia do país são mostrados de forma autêntica?

Demais questões foram colocadas em pauta na reunião, como a biodiversidade, pesquisa, tecnologia e também a forma como vêm sendo feitos os registros de patentes. E, com isso, surgiu também a reflexão a respeito dos critérios adotados para que esses registros e medições – gado, plantações, águas, áreas florestais etc. – sejam efetuados, uma vez que grupos estrangeiros analisam as propriedades sob um prisma diferente da avaliação que fazemos aqui no Brasil.

O que o Agro precisa?

As colocações da palestrante Samanta Pineda iniciaram em alusão ao momento internacional e a dependência infindável de fertilizantes, passando para os fatores de cunho interno da agropecuária brasileira com tópicos impactantes como insegurança jurídica, a volta das invasões de terras, áreas embargadas, regulamentação de processos florestais, a ameaça concreta da tributação e titulação de propriedades.

Interessante a maneira com a qual Samanta pontuou as ações possíveis e necessárias para solucionar alguns problemas recorrentes. “O que o Agro precisa?”. E ponderou: “O primeiro passo talvez seja fortalecer as nossas instituições. É preciso haver credibilidade junto às nossas instituições, pois somente tendo consciência, sabendo enxergar a verdade e nos munindo de dados e informações é que se tornará possível contra-atacar essa ‘oposição ao Agro’ que vem reverberando hoje. Nós precisamos de união institucional, estarmos alinhados nos nossos objetivos para poder pleitear as nossas demandas, a fim de caminharmos com mais eficiência e produtividade”, disse.  

“Necessário também”, lembrou Samanta, “é produzir informações, com um plano estratégico de comunicação, mostrar dados confiáveis elegendo temas específicos e descortinando temas que se tornaram polêmicos”. Citou como exemplo a regulamentação de emissão de Carbono, mercado e serviços ambientais e como assunto é divulgado de forma sensacionalista, sem dados corretos.

As participantes da Live tocaram em tópicos essenciais, pontos nevrálgicos como informações sobre o Agro na Educação e os danos das mensagens subliminares. No desenrolar da explanação de Samanta Pineda, apareceu também, dentro de uma estratégia de comunicação, a sugestão de assuntos que podem gerar pautas positivas trocando ideias, especialmente na área de mercados, energia, infraestrutura, parte financeira, governanças e boas práticas.

Como disseram as integrantes do NFA ao final da reunião, sempre conseguimos um encontro positivo. Aprendemos muito umas com as outras e com as importantes considerações dos nossos convidados. Fomos hoje contempladas com duas autoridades no que estão falando, que fazem parte da história brasileira, pessoas tão especiais que nos ensinam e nos fazem pensar. Fica aqui uma homenagem às mulheres, ao nosso grupo coeso, representado por mulheres fortes, que têm fibra, que se juntaram para fazer um Agro bom, e que mostram consistência e segurança nos seus negócios, seja com um olhar para o ser humano, para o meio ambiente, boas práticas, governança. Essa sensibilidade das mulheres não pode ser ignorada. Temos muitas razões para começar o ano com o pé direito, com energia, convicção, levantando mais e mais a nossa voz.  

Por Mara Iasi/Agência Agrovenki

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