A pecuarista Carmen Perez e o professor da Unesp Jaboticabal Mateus Paranhos da Costa comandaram o bate-papo virtual, que contou com cerca de 50 participantes
O Núcleo Feminino do Agronegócio (NFA) promoveu, na manhã desta terça-feira (24), um encontro on-line para falar sobre bem-estar animal. Quem comandou o bate-papo, aberto a toda cadeia produtiva , de forma gratuita, foi a ex-presidente do NFA, a pecuarista Carmen Perez , ao lado do professor da Unesp Jaboticabal, Especialista e Pesquisador em BEA, Mateus Paranhos da Costa.
Ao todo, o encontro contou com 50 participantes, entre pecuaristas, estudantes de medicina veterinária e pessoas interessadas na busca por mais informações visando o bem-estar animal na atividade pecuária. Tema que, anteriormente, quando Paranhos começou a desenvolver suas pesquisas, em 1998/1999, era visto com estranheza por muitos, mas que hoje já é mais do que uma realidade, uma necessidade do setor a construção de uma carne mais sustentável.
No início da palestra, Carmen Perez fez questão de relembrar uma cena que a incomodou bastante em um dia na fazenda, há cerca de 20 anos, e que serviu como ponta pé inicial para que ela também passasse a se dedicar ao tema. “Os vaqueiros laçavam o bezerro para arrancar da vaca parida e davam com o pau na cabeça da vaca. Todo o manejo era feito dessa forma. Essa cena me marcou de tal forma, essa violência me marcou e isso fez mudar todo o rumo da minha vida”.
Um dos principais temas trazidos por Carmen Perez durante a palestra foi a marcação a fogo dos animais. “Existem pesquisas mostrando que o animal sente dor, que essa dor permanece por horas, de forma intensa. O animal passa por um estresse muito grande. Isso foi comprovado através do aumento da pressão cardíaca e da elevação das taxas de cortisol. A prática também impacta a equipe, já que os animais se tornam mais reativos”.
Ainda de acordo com ela, muitos países têm diminuído a marcação a fogo, como os da União Europeia e os Estados Unidos. “Precisamos adotar boas práticas de manejo e bem-estar animal como marcas da pecuária brasileira. Temos que tomar decisões em nome do progresso, seguir o caminho da evolução, do respeito, porque existem outras formas de identificação, como, por exemplo, o uso de brincos”.
Na sequência, ao dar início a sua fala, o Professor Mateus Paranhos da Costa provocou os participantes a refletirem sobre os seus papéis visando o bem-estar de seus animais. Depois, esclareceu sobre alguns mitos que envolvem o tema, entre eles, que o bom desempenho é um indicador de que o animal está bem, que promover o bem-estar animal custa caro e que somente os criadores são responsáveis por essas boas práticas.
Com relação a esse último mito, o professor ampliou a conversa explicando sobre os 5 domínios do bem-estar animal. Ou seja, que envolve a nutrição, o ambiente, a saúde, o comportamento e estado mental. “É necessário definir limites considerando todos os domínios do bem-estar. Não podemos entender os animais como máquinas de produção, porque eles são seres vivos”.
Além disso, ele ainda frisou que buscar o bem-estar animal na atividade pecuária traz inúmeros benefícios, além do meio ambiente, mas para a carne, podendo reduzir perdas econômicas significantes. “Não é só pra tratar os animais porque simplesmente isso é bom, mas os benefícios, da qualidade da carne e meio ambiente, são consequências. E encerro aqui reiterando a fala da Carmem, de criar uma nova marca para a pecuária brasileira, atenção ao bem-estar animal como base para promoção”, cita o professor.
Por fim, após as explicações tanto de Carmen quanto de Paranhos, a palestra foi aberta para as perguntas dos participantes. Estes que enviaram suas dúvidas que prontamente foram sanadas pelos palestrantes em mais um evento importante promovido pelo NFA.
Fonte: Assessoria de Imprensa Agrovenki
Crédito da foto: Divulgação